Lenda das Obras de Santa Engrácia
Diz a lenda que Simão Pires, um cristão-novo, cavalgava todos os dias até ao convento de Santa Clara para se encontrar às escondidas com Violante. A jovem tinha sido feita noviça à força porque o seu pai não estava de acordo com o amor de ambos. Um dia, Simão pediu à sua amada para fugir com ele. No dia seguinte, Simão foi acordado pelos homens do rei que o vinham prender acusando-o do roubo das relíquias da igreja de Santa Engrácia, que ficava perto do convento. Para não prejudicar Violante, Simão não revelou a razão porque tinha sido visto no local. Apesar de invocar a sua inocência foi preso e condenado à morte na fogueira. A cerimónia da condenação tinha lugar junto da nova igreja de Santa Engrácia, cujas obras já tinham começado. Quando as labaredas envolveram o corpo de Simão, este gritou que era tão certo morrer inocente como as obras nunca mais acabarem. Certo é que as obras da igreja iniciadas à época da execução de Simão pareciam nunca mais ter fim. De tal forma, que o povo se habituou a comparar tudo aquilo que parece não ter fim às obras de Santa Engrácia.
Lenda da Cova Encantada ou da Casa da Moura Zaida
No tempo em que os Mouros dominavam Sintra, um cavaleiro nobre cristão foi feito prisioneiro. Zaida, a filha do alcaide, apaixonou-se por ele. Um dia, o resgate foi pago e o cavaleiro libertado. Apaixonado também por Zaida, o cavaleiro pediu-lhe para fugirem. Zaida recusou, mas pediu-lhe para nunca mais a esquecer. O nobre cavaleiro voltou para a sua família. Tentou esquecer Zaida nos campos de batalha mas não conseguiu. Decidiu atacar de novo o castelo de Sintra. Durante esse combate, o nobre cavaleiro tombou ferido. Zaida arrastou-o através de uma passagem secreta até uma sala escondida numas grutas. Enquanto enchia uma bilha de água para levar ao seu amado, foi atingida por uma seta e caiu ferida. O cavaleiro cristão juntou-se ao corpo da sua amada. Mais tarde, os dois foram encontrados já sem vida. Diz a lenda que, em certas noites de luar, aparece junto à cova uma formosa donzela vestida de branco a encher uma bilha de água, desaparecendo de seguida após um doloroso gemido.Na serra de Sintra existe uma rocha com um corte, perto do Castelo dos Mouros. Diz a tradição que o corte marca a entrada para uma cova que tem comunicação com o castelo. É conhecida por Cova da Moura ou Cova Encantada.
O Cavaleiro Henrique
Nos primeiros tempos da Reconquista, cerca de treze mil cruzados vieram de toda a Europa para auxiliar D. Afonso Henriques. Houve um cavaleiro chamado Henrique, originário de Bona, que morreu na conquista de Lisboa e que foi sepultado na Igreja de S. Vicente de Fora.A lenda diz que, logo que Henrique foi sepultado, dois dos seus companheiros, ambos surdos e mudos de nascença, foram deitar-se sobre o seu túmulo. Pediram a Henrique que intercedesse junto de Deus pela sua cura. Em sonhos, Henrique disse-lhes que Deus os tinha curado. Quando acordaram, verificaram que o sonho se tinha tornado realidade. Pouco tempo depois, morreu um escudeiro de Henrique e foi sepultado na Igreja de S. Vicente, longe do túmulo do seu amo. O cavaleiro Henrique apareceu em sonhos ao sacristão da igreja e disse-lhe que queria o corpo do escudeiro junto de si. O sacristão não ligou importância ao sonho, nem quando este se repetiu no dia seguinte. Na terceira noite, Henrique, novamente em sonhos, falou-lhe tão irritado com a sua indiferença que o sacristão acordou imediatamente e passou toda a noite a cumprir as suas indicações. Apesar de ter trabalhado muitas horas, o sacristão sentia-se bem, como se tivesse dormido toda a noite.Segundo a lenda, cresceu uma palma no seu túmulo cujas folhas curavam os males de todos os peregrinos que ali acorriam. Um dia, a palma foi roubada, mas ficou para sempre na memória do povo através do nome de uma rua na baixa de Lisboa.
Martim Moniz
A lenda conta que D. Afonso Henriques tinha posto cerco à cidade de Lisboa, ajudado pelos muitos cruzados que por aqui passaram a caminho da Terra Santa. Numa tentativa de assalto a uma das portas da cidade, Martim Moniz enfrentou os mouros e conseguiu manter a porta aberta. O seu corpo ficou atravessado entre os dois batentes e permitiu que os cristãos entrassem na cidade. Gravemente ferido, Martim Moniz entrou na cidade com os seus companheiros. Fez ainda algumas vítimas entre os seus inimigos, antes de cair morto. D. Afonso Henriques quis honrar a sua valentia e sacrifício. Ordenou que aquela entrada passasse a ter o nome de Martim Moniz. O povo diz que foi D. Afonso Henriques que mandou colocar o busto do herói num nicho de pedra, onde ainda hoje se encontra, junto à Praça de Martim Moniz.
quarta-feira, março 21, 2007
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1 comentário:
Sónia, adorei as lendas! Só tinah algumas luzes sobre a lenda da Moura de Sintra. Mas, Sónia, temos de começar a colocar as referências de onde tiramos a informação, ok?
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