quarta-feira, dezembro 28, 2005

"Soror Saudade"


Florbela de Alma da Conceição Espanca (apelido recebido da sua madrasta, Mariana Espanca), nasceu em Vila Viçosa, no dia 8 de Dezembro de 1894. Estudou num colégio na sua terra natal, depois no liceu de Évora e, mais tarde, na Faculdade de Direito de Lisboa. Aos 8 anos escreveu o seu primeiro poema intitulado “Vida e Morte”. Florbela Espanca sofreu vários desgostos ao longo da sua curta vida. Os seus três casamentos falhados e a morte do irmão, Apeles Espanca (com quem mantinha fortes laços afectivos), ocorrida num acidente com o avião que tripulava sobre o rio Tejo, em 1927, marcaram profundamente a sua vida e obra. Florbela Espanca que escandalizou a provinciana sociedade portuguesa dos anos 20, com os seus tristes e sensuais versos, vivia em Matosinhos com o seu marido quando se suicidou, no dia 8 de Dezembro de 1930.


Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi para cantar!
E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... para me encontrar…
(Charneca em Flor, 1930)

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